Adolescência | Série fenômeno da Netflix aborda questões filosóficas

A recente série “adolescência” da Netflix vem fazendo um enorme sucesso devido ao conteúdo e as técnicas utilizadas na produção da série, como o plano sequência, onde em cada episódio não possuem cortes, sendo gravadas em uma única tomada.

Na trama, o jovem de 13 anos, Jamie Miller é acusado de assassinar brutalmente uma colega de escola, ao decorrer dos episódios percebemos uma profundidade filosófica que faz com que “adolescência” se destaque de outras séries de suspense e ação.

A narrativa explora temas como, o uso das redes sociais entre adolescentes, bullying e cyberbullying, além de introduzir um termo muito comentado entre os jovens, o “incel”

A palavra foi formada no final dos anos 90 e é a junção das palavras involuntary Celibate – tradução direta para "celibato involuntário".

Esse termo era utilizado em fóruns online para descrever pessoas que ao longo da vida não conseguiam encontrar parceiros sexuais, mas depois tornou-se um termo pejorativo para homens que não seriam considerados masculinos suficientemente para conquistar uma mulher e que culpam as mulheres pelas rejeições sofridas.

De 2015 a 2023, cerca de 10,6 mil mulheres foram assassinadas no crime que se configura como feminicídio, que é o ódio ou aversão ao gênero feminino, onde as mulheres morrem apenas por serem mulheres.

(Fonte: Conselho Nacional de enfermagem)

Podcast, blogs, redes sociais e grupos online tornaram-se espaços de debate para que homens proferissem discursos misóginos e machistas, enquanto isso outros termos semelhantes a “incel” são usados na comunidade, como: Bluepill e Redpill, referências ao filme Matrix, no qual o protagonista Neo precisa escolher entre tomar a pílula vermelha que o desperta para a realidade e verdade ou tomar a pílula azul e permanecer na numa falsa realidade.

No léxico incel, os Redpills são homens que despertaram para a verdade, em que as mulheres são egoístas e que usam os homens.

Outra terminologia usada na série é o 80/20, que significa que 80% das mulheres gostam apenas de 20% dos homens, o que justificaria para os homens a fúria contra as mulheres.

Outra grande importância que a série discute é o que os jovens estão consumindo na era da Internet, levantando questões sobre responsabilidade, moralidade e a forma de se utilizar as redes sociais, visto que os ataques contra o Jaime aconteciam no ambiente virtual e no ambiente escolar.

Será possível que o próprio meio digital, através das redes sociais, permita essa violência e um ambiente polarizado?

Qual seria o papel, em maior instância dos CEOs das redes sociais e como os pais devem lidar com essas problemáticas? São perguntas que queremos abordar posteriormente.

Por fim, a série nos convida a pensar sobre a adolescência e como a juventude contemporânea lida com o mundo digital, a misoginia, o machismo e cultura incel, os discursos de ódio e a construção da masculinidade na contemporaneidade. E você já assistiu "Adolescência" da Netflix ?