Ainda Estamos Aqui | Távola Filosófica Estreia Sua 3ª Temporada
Memória, resistência e vigilância. O episódio aborda a ditadura militar no Brasil, destacando Zuzu Angel, Marighella e o totalitarismo de Hannah Arendt, conectando-os ao panoptismo de Foucault e à luta por justiça.
FILMES E SÉRIESEPISÓDIOS
Por Eliel Moura
4/3/20253 min read


No episódio "Ainda Estamos Aqui" do podcast Távola Filosófica, mergulhamos na memória e nas feridas abertas da ditadura militar no Brasil. O título faz referência ao filme Ainda Estou Aqui (2025) de Walter Salles, um retrato visceral da resistência e da luta pela memória das vítimas do regime. Em um país que ainda lida com as sombras do autoritarismo, discutimos as marcas que esse período deixou na política, na cultura e na sociedade brasileira
Exploramos a trajetória de figuras icônicas como Zuzu Angel, estilista e mãe que transformou sua dor em denúncia, enfrentando a ditadura na busca por justiça para seu filho assassinado pelo regime. Enfrentando não apenas o aparato repressivo do Estado, mas também a cultura patriarcal que subestimava sua luta. Também falamos sobre Carlos Marighella, guerrilheiro e intelectual cuja resistência simboliza o enfrentamento direto ao aparato repressivo. Sua luta armada contra a ditadura, bem como sua morte violenta, suscitam debates sobre os limites da resistência e o papel da violência na luta contra regimes opressores.


Além dessas histórias de luta e repressão, traçamos paralelos com as ideias filosóficas que ajudam a entender a lógica totalitária. A partir de Hannah Arendt e sua obra Origens do Totalitarismo e A Condição Humana, analisamos como os regimes autoritários se constroem e se mantêm pelo medo, pela burocracia e pela desumanização dos opositores. Arendt nos alerta sobre os perigos da banalização do mal e da aceitação passiva das estruturas opressivas.
Também recorremos a Michel Foucault e seu conceito de panoptismo para refletir sobre os mecanismos de vigilância e controle social que não desapareceram com o fim da ditadura, mas foram reconfigurados nas estruturas democráticas. O panoptismo foucaultiano nos faz questionar como a vigilância se expandiu para além dos porões da ditadura, assumindo novas formas no capitalismo digital, nas redes sociais e nos sistemas de monitoramento estatal.


Outro ponto fundamental do episódio é o impacto da ditadura na cultura e na produção artística brasileira. Analisamos como a censura impôs limites à liberdade de expressão e como artistas, escritores e cineastas desafiaram essas restrições com obras que denunciavam os abusos do regime. A produção cinematográfica, teatral e musical tornou-se um espaço de resistência, criando símbolos e narrativas que continuam relevantes até hoje. O próprio cinema de Walter Salles, com Ainda Estou Aqui, dialoga com essa tradição, trazendo à tona memórias que muitos tentam esquecer.
O episódio é um convite à reflexão sobre como o passado ressoa no presente. Afinal, a luta por memória, verdade e justiça ainda está em curso. O que aprendemos com essa história? Quais estruturas de vigilância e repressão persistem? Como a sociedade brasileira lida com seu passado autoritário e suas consequências? Ainda estamos aqui, resistindo, lembrando e questionando. A história da ditadura não é apenas um capítulo encerrado, mas uma cicatriz que nos lembra da importância da democracia e da necessidade de permanecer vigilantes contra qualquer ameaça autoritária.
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